A questão referente ao meio ambiente não é nova na evolução dos humanos neste planeta.
O meio ambiente joga um papel fundamental no desenvolvimento das cidades e, principalmente na transformação destas para cidades inteligentes. O grande desafio que estamos por passar é o de concatenar as atividades de desenvolvimento ainda arcaicas com as novas premissas na construção ou remodelação de cidades que possam vir ser denominadas de cidades inteligentes.
As ações que forçosamente deverão ser desenvolvidas para integração das políticas ambientais deverão estar, desta forma sincronizadas com o desenvolvimento econômico, evidentemente, respeitando a exploração dos recursos naturais, bem como adequando os projetos a realidade imposta pelo respeito a natureza.
Durante muitas décadas, para traçar um cenário otimista, senão estaríamos nos referindo a séculos, o meio ambiente tem sido tratado pela civilização ocidental como um bem infinito, o que não é verdade.
Poderíamos, até mesmo, nos referir aos povos nômades, os indígenas do Brasil, que exploravam o ambiente em que fixavam moradia por tempo determinado, para depois de exauridos os recursos locais, mudavam-se para outras paragens para continuarem a sobrevivência.
Portanto, o conceito de infinitos recursos, não é novo no inconsciente coletivo da humanidade, se bem que, ainda hoje, estamos praticando deliberadamente ações, ferindo os parâmetros mais importantes, relativos a conservação do meio ambiente, sejam na construção das cidades, seja na exploração mineral.
É muito difícil mudar um conceito enraizado nas mentes das pessoas, sobretudo quando estas mesmas pessoas, necessitam da exploração do meio ambiente para proverem a sua sobrevivência. Entretanto, o gerenciamento dos recursos naturais, aliado ao capital e receitas que possam estar sendo alcançados, devem estar em sintonia com a sabedoria e com o conhecimento das ações praticadas.
Os conceitos arcaicos devem ser reavaliados, onde a busca pela inovação, sustentabilidade e qualidade de vida, devam ser uma constante.
Uma pergunta sempre aflora a minha mente e transforma o meu sentimento. Como uma cidade cortada por ribeirões e riachos, pode estar passando por falta de água? Porque calafetar todas as ruas com objetivo de termos logradouros asfaltados para que os carros possam trafegar sem se estragar, danificando o lençol freático e possibilitando o acúmulo de águas nos nestes pequenos riachos, provocando enchentes?
Como o desmatamento está impactando a sociedade atual? Já pude verificar que muitos cursos de água secaram em prol do chamado desenvolvimento moderno, prejudicando em cascata todo o cenário ambiental, retirando dele até mesmo a possibilidade de se regenerar.
A água, único bem capaz de fazer falta e provocar significativas mudanças em uma civilização, a exemplo do que ocorreu com os Astecas na pronunciada seca que viveram.
Uma inevitável ação deve ser tomada, principalmente junto a população, onde a apresentação dos impactos provenientes da má utilização dos recursos naturais, afetarão profundamente o modo de vida de cada um.
O foco em um planejamento a longo prazo deve ser preservado, não por uma administração pública, mas pelo conjunto de administrações que se sucedem durante os anos.
O quanto seria mais inteligente se a preservação de nossos recursos naturais, principalmente a água, pudessem configurar cenas onde em todas as cidades, houvesse a prerrogativa de podermos realizar uma pescaria em um pequeno riacho, hoje infestado de detritos nada saudáveis?
As cidades inteligentes terão uma nova marca, com uma característica, cada uma delas de forma individual, evidentemente envolvidas pelo grau de inteligência e conhecimento de seus habitantes.
A valorização pela população do meio ambiente, envolvendo todos os detalhes possíveis para que se busque de forma afirmativa evitar a contaminação é tão importante, que em alguns casos, uma campanha sistemática, tenha que ser realizada utilizando as mídias disponíveis.
O objetivo de integrar todos os segmentos da sociedade na defesa e consolidação do meio ambiente, deve estar suportado por algumas premissas, importantes e fundamentais para que uma cidade possa receber o título de Cidade Inteligente.
1. Promover de forma sustentável, as atividades recreativas, esportivas, ao ar livre, sociais e de entretenimento.
2. Desenvolver ações para que a cidade inteligente, possa ser conhecida com uma ou mais temas específicos que a caracterizam, valorizando conjuntos ambientais, tais como reservas florestais, parques naturais, praias e montanha.
3. Criar, através de ações tanto governamentais como aquelas realizadas pela iniciativa privada, de espaços de trabalho, de lazer, que sejam ecológicos e ecologicamente de inclusão social.
4. Promover a ética ambiental, criando um código de conduta ética, norteando os habitantes a terem uma conduta voltada para o meio ambiente.
5. Promover o entendimento da população no que se refere ao ruído, mau cheiro e pragas.
6. Procurar a geração própria, isto é, no próprio município, das demandas por energia e água.
7. Possibilitar que as água pluviais possam ser armazenadas em locais apropriados, para utilização futura.
Muitas vezes fico a me perguntar, porque a mídia de forma geral, passa a defender de forma incisiva a Amazônia esquecendo-se que na rua do seu escritório, muita degradação tem sido realizada ao longo da história? A venda de notícias alarmantes, impactantes e até mesmo com caráter especulativo, servem a que interesses?
Para simples reflexão interior, todos nós sabemos que os oceanos que ocupam mais de 70% da superfície terrestre influenciam as condições climáticas do planeta. Sabemos também através de estudos meteorológicos que a Estrela Sol, com toda as radiações emitidas impactam e influenciam o clima na Terra.
Por outro lado, sabemos cientificamente que a Lua também influencia a Terra, provocando marés e outros fenómenos significativos. Para que tenhamos uma avaliação mais preponderante, segundo estudos realizados pela NASA, a distância da Terra a Lua, a cada ano que passa, em média fica maior. Já houve um tempo que a proximidade da Lua à Terra era a metade da atual, tendo como consequência o dia terrestre também era a metade.
Então temos dois astros com influência significativa sobre o planeta. Estas influências, devido a força da gravidade, jogam um papel diferenciado, pois são as de maior grandeza.
Estas forças estão diretamente associadas as variações da temperatura das águas dos oceanos, distribuindo o calor das águas através das correntes marinhas e consequentemente na atmosfera.
Um exemplo significativo da influência dos mares na temperatura da Terra, pode ser exemplificado pelo aquecimento do Oceano Atlântico em 2005, ocasionando a maior seca na Amazônia.
Este ano de 2023, com o aquecimento do Oceano Pacífico, fato que ocorre periodicamente está previsto grande quantidade de chuvas no sul do país e seca pronunciada na Amazônia.
Outro exemplo da influência dos oceanos sobre o clima é a grande seca ocorrida na Amazônia no ano de 2005, uma das maiores da história da região. Ela foi causada por um aquecimento anormal das águas do Oceano Atlântico.
A conceituação do processo de geração de esgoto em um domicílio, pode à primeira vista, ser muito fácil de entender, entretanto os procedimentos realizados por moradores, de tão sistematizados que são, passam desapercebidos para a maioria dos habitantes.
Há a necessidade de se pensar, entretanto, inicialmente na utilização de água que cada um de nós utilizamos no seu dia a dia. Para banho, escovar os dentes, limpeza da casa, irrigação do jardim e várias outras. Temos também que avaliar a quantidade de pessoas em cada domicílio, para então dizer que toda esta utilização da água deverá ser escoada pelo esgoto. Conforme estudos realizados, do total do consumo de água de uma cidade, 80% se transforma em esgoto.
Cada uma das cidades que tivermos a oportunidade de estudar terá uma característica particular na geração do seu esgoto. Estas características, estão diretamente ligadas ao clima, impactados pelo desenvolvimento cultural, determinados pelos hábitos locais da população e pela condição social e econômica.
Pode-se inferir, que todos os elementos domésticos que venham a contaminar a água do esgoto, serão transformados em alguma parte do processo em resíduos sólidos.
Mas, o principal agente contaminador da água, que flui pelos esgotos domésticos, são os resíduos orgânicos, pois os microorganismos gerados, têm a capacidade de retirar o oxigênio da água.
Um dos indicadores propostos a nível municipal, qual é denominado de Água potável em rios, córregos e riachos do município, considerando a bacia hidrográfica em quilômetros, reflete muito bem os impactos dos lançamentos de esgotos em cursos de água.
O que mais preocupa neste contexto, é o somatório do esgoto doméstico com o esgoto industrial, fator muito comum visto em várias cidades. E, o pior, muitas vezes, em função de não se perder empregos, o poder municipal, muitas vezes não tem recursos para sanar esta tremenda poluição.
A recuperação dos cursos de água, é o mais urgente e importante assunto, que uma cidade inteligente tem que começar a avaliar, se não, no futuro, bem próximo por sinal, não teremos água nem mesmo para beber.
Desde que a humanidade começou a habitar este planeta, os problemas causados pelos resíduos sólidos têm tido uma necessidade constante para a obtenção de soluções adequadas. No princípio, somente para refletirmos, a sociedade nômade não causava muitos problemas em escala, mas com a formação das primeiras vilas este assunto começou a ser um problema.
Para que tenhamos uma noção bem clara da importância dos resíduos sólidos na sociedade, podemos nos lembrar que no século XIV a população europeia quase foi dizimada devido aos poucos cuidados com estes resíduos. Na época o lixo era depositado nas ruas.
Ainda hoje, devido ao problema cultural e até mesmo educacional podemos verificar que no Brasil, ainda podemos encontrar situação semelhante.
Vicente Soares Neto é engenheiro, escritor, poeta, professor, astrônomo amador, tem se
dedicado à engenharia desde 1973.
Engenheiro de Telecomunicações – CREA 11.056/D – INATEL 1972
Engenheiro Eletricista – Eletrônico – CREA 28.974/D – INATEL 1980
Especialista em Computação Analógica – EFEI 1972
Especialista em Teleinformática – UFMG 1985
Trabalhou na antiga Companhia Telefônica Brasileira (CTB), posteriormente Telecomunicações
de São Paulo (TELESP), na antiga Telecomunicações de Minas Gerais – TELEMIG, na Empresa
Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL), no Ministério da Infraestrutura (MINFRA), no
Ministério das Comunicações (MINICOM) e na Agência Nacional de Telecomunicações
(ANATEL).
Por muitos anos desenvolveu suas atividades acadêmicas no Colégio Técnico de Eletrônica
Armstrong, no Instituto de Educação Tecnológica de Minas Gerais, na Universidade FUMEC e
na PUC – MG. Elaborou e ministrou palestras e seminários em âmbito nacional e internacional.
É membro da Academia Campo-Belense de Letras.
Possui 53 edições de livros, na área de telecomunicações e literatura.
Agraciado pela Comenda INATEL (Instituto Nacional de Telecomunicações) em 2.017, pelos
relevantes serviços prestados ao setor de telecomunicações
Há mais de 20 anos participa da Sociedade Mineira dos Engenheiros, tendo sido Presidente da
Comissão de Telecomunicações por dois mandatos, Vice-Presidente e atualmente participa do
Conselho Deliberativo.
Atualmente é Diretor Executivo da Lynce Consultoria.